quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Para que o amor nao resulte inútil

Pedro,

Não sei porque mas tenho a impressão de que o tempo parou esta tarde. Depois dos dias na cama, misturando sonhos e desejos, e da loucura do encerramento de um artigo, me vejo de novo, às 6 da tarde, diante de minha janela de trabalho. Tem uma tela nova. O sol tá vermelho mas o cheiro do resto de chuva mudou o ar. Respira-se. Os jardins parecem de novo os do Éden. E a primavera chegou com certeza: as cigarras cantam sem parar e não há como não ouvi-las. Seria o mesmo que tentar fechar a cachoeira de um rio. Mudam às vezes o tom mas continuam horas afora. E diante desde quadro me snto, também diferente.
Estranhamente tranquila. Convalescente. Orfã de você. Orfã de uma alma a quem eu possa confessar meus sentiments mais íntimos, minhas descobertas mais derradeiras e diárias. Mas também estranhamente feliz - talvez por nõ te que perder de novo uma das coisas mais caras pra mim: você. Ou por descobrir a cad dia que não te perdi, apenas nos afastamos para aprender o significado de uma decisão. Passada esta fase não sinto estar incomodando em te dizer o que sinto porque você já deve ter absorvido as consequências dela dentro de voce. Ou seja, não estou mais esperando, tentando te convencer de nada. Estou calmamente, colocando meus sentimentos que, de uma maneira ou de outra terão ressonância boa em você. Acho que nos restou carinho, amizade, confiança. Vejo isso apesar de achar que, às vezes, por medo de ser mal interpretado você consegue ser o que não é: cruel e frio.
Então penso como o poeta: pra que o nosso amor "não resulte inútil", não podemos nos ignorar. São quase três anos. Uma vida ue não é minha, não é sua, é nossa. E por mais que queiramos esquecer de cada dia. Eu não poderia. E não quero. Durante um mês procurei não pensar muito. Mas agora penso. Não quero lacunas na mnha vid. Elas acontecem e fazem a gente pensar, se angustiar, descobrir coisas escondidas, tesões reprimidos, medos na sombra. Mas quero lacunas preenchidas.
Entendo agora que não me sentia sozinha, mesmo quando você não estava aqui, porque a gente estava junto e isso me bastava, já que não podia ser diferente. Eu me divertia nas festas, com os amigos, sem maiores preocupações. Agora me falta poder saber que gosto de alguém que me quer também. E isso muda tudo. Porque por mais que todos neguem ou afirmem ue querem ficar sozinhos, pra ver não sei o que no mundo, ou pra ter milhões de ammigos - o que é fantástico e necessário e não exclusivo, e digo isso porque experimento sempre essa sensação - a coisa mais importante e necessária a um ser humano é estar preparado, é aprender a viver junto com outro, pra compartilhar as dúvidas, pra conhecer essa pessoa e poder se perguntar assim:
Tudo que eu penso te conto.
Tudo o que sinto você percebe.
O que te escondo,
você descobre nos meus olhos.
Meu Deus,
será essa sintonia absoluta,
o que chamam de amor?
Escrevi isso aí outro dia e acho que pensava em nós dois. Você me conhece e eu quero continuar nao escondendo nada de você. É difícil preencher a lacuna de ter alguém para amar porque ainda te amo e não é fácil substituir por tentativa, mas por outro lado, sinto um incurável sensação de liberdade, de começar tudo outra vez. E daí aparece outra questão. Pra começar tudo de novo, tem que ser a partir de onde paramos. Do mesmo nível. E o nosso era alto. E é difícil recomeçar e começar a partir dele. E não é aceitável começar se não for assim.
Portanto, eu espero que você tenha sido mais feliz do que eu até agora, com a Madalena. No fundo acho que vocês se conhecem bem e podem avançar, apesar da minha "terrível" intuição me dizer que o caso de vocês não é de amor, porque amor não se explica e com ela você quer explicar algo pendente dentro da sua cabeça. E você sabe melhor do que eu o que é. E por incrível que pareça - talvez se os visse juntos mudasse de idéia - não consigo ter ciúmes de você com a Madalena. Não vejo erotismo entre vocês dois. Sei lá. Posso estar enganada mas é como sinto, à distância.
Tem que ter paixão, aquela coisa que tira o sono e
faz correr de madrugada,
contar todas as estrelas,
pra ver se a noite passa,
ou então morrer de amor.
É mais ou menos isso que sinto. Já desisti há muito tempo de não te amar. Sei que virão outros amores. Sei que virão outros amores. Novos ou velhos. Mas mesmo que eu quisesse - e não quero - não poderia deixar de te querer. Meu amor por você não depende de mim, ou de você. Tem autonomia de vôo. Existe e se basta. E ainda me traz felicidade.
Acho que não te disse 1/3 do turbilhão que passa pela minha cabeça, mas por hoje, é só.

Laura

domingo, 24 de outubro de 2010

Você não me ama
mas não faz mal.
Me faz feliz
estar inspiraa assim,
de manhã,
à tarde
e todas as noites,
sonhando com
bolo de chocolate
e suco de laranja
na cama.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Desperdiçando o pouco

Não vou me deixar levar pela fraqueza, pela minha falta de vontade, pela tristeza ou pela saudade. Não vou mais pensar que esse pouco está sendo demais. A melhor proteção é aceitar
a lembrança de um pra sempre e a mágoa de um nunca mais. (Só não quero depois perceber que, como você, eu deixei o pouco consumir o que, em mim, era muito. E não vou.)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sobre dores cinzas como esse céu.

Esse amor louco,
que nem morfina
cura as dores,
me apavora o coração.

Das dores
não posso falar
porque não sei falar de dores.
Corro delas.
Mas hoje, eu sinto:
elas tem um plano
para me atacar

Nem um turbilhão de carinhos
amigos,
olhares cumplíces
de quem entende
o meu brilho no olhar
cura, agora,
essa vontade de voar,
numa noite escura,
e pra cá,
nunca,
mais,
voltar.

domingo, 10 de outubro de 2010

Por enquanto.

Decidi voltar a escrever aqui. Não passou muito tempo desde que eu usava esse blog pra contar minhas histórias na Itália, as melhoes . Encontrei aqui uma maneira de me sentir menos fechada - até pra mim mesma. Não sei onde isso vai me levar, só sei que sinto falta de me sentir meio que obrigada a escrever.
Tenho escrito bastante desde que voltei. Um dia, abandonada no meu quarto
escrevi:
nada que inspire mais
do poeta,
do que folhas brancas
sobre a mesa
a desejar versos doloridos.

Naquele dia,
amava o mundo,
como hoje,
amava as pessoas,
como agora,
achava linda a solidão
daquele quarto
e a brancura daquelas folhas,
a iluminar a escrivaninha.

Hoje, descobri que inspira mais
o meu lado poeta
o desejo de desvendar
o que um homem -
o que me apaixonou,
me faz brilharem os olhos para sempre,
me abandona no meu quarto feliz,
imaginando e tentando da ordens
a' uma cabeça reticente
e um coração sublevado -
pensa,
sonha,
quer,
e
é.

Afinal,
vamos sendo o que
dá pra ser,
né?